Esp.: Premiações vs. Harry Potter

   "Ao longo dos anos, as adaptações cinematográficas de Harry Potter vêm nos emocionando, nos surpreendendo e, por algumas vezes, nos decepcionando. Mas o desapontamento acontece acerca da omissão ou da mudança de passagens dos livros para as telas, pois na questão técnica e artística, os filmes são impecáveis, nos fazendo acreditar ainda mais que o mundo mágico que só existia nas páginas e na nossa imaginação, é real. Porém, alguns fatores comprometem a série no momento de ser premiada: Um filme de fantasia, britânico, com o elenco e a equipe técnica quase todo inglês, e ainda, acrescentemos continuação para todos os filmes após Pedra Filosofal. Está aí a receita perfeita para a derrota ou a não indicação em premiações americanas, como Oscar e Globo de Ouro, que prezam mais o drama do que o gênero fantástico. Mas comecemos falando sobre as de voto popular.

   É nesse momento em que todos os fãs, eufóricos, se unem para votar e divulgar os links de votação, mas por algum motivo ainda não estudado pela ciência e exibido no Globo Repórter, todos nós, com o tempo, acabamos deixando de lado o direito (e dever) que nos foi concedido para trazer a Harry Potter mais um prêmio e ficamos apenas na torcida, atitude que não ajuda muito. Por vezes, discussões acaloradas tomaram conta das redes sociais, com fãs revoltados com outros fãs, esquecendo-se que cada voto faz diferença, inclusive os que os "Indignados nº1" deixaram de dispensar à série.

   Ainda debatendo sobre as premiações onde o público é quem decide o vencedor, muitos não concordam com a minha última frase: Certas entregas de prêmios deixam o voto aberto ao público, mas os indicados eleitos democraticamente passam por uma comissão julgadora, geralmente formada por pessoas responsáveis por produzir a premiação em questão, sendo analisados para concluir se os vencedores serão ou não bem aceitos pelo público alvo, algo que não é justo e pode, por vezes, ter tirado alguns prêmios da prateleira bruxa.

  Mas o nosso foco principal são as premiações de prestígio, com filmes escolhidos por críticos, jornalistas e alguns cineastas. Trazendo tanta (ou mais) indignação que as premiações de voto popular, ignorar Harry Potter tem se tornado “moda” entre elas: Pode ser o longa mais visto, mais bem avaliado, mais comentado, o top do top em todos os aspectos bons do ano, sempre haverá premiações não indicando o filme, como foi o caso do Globo de Ouro desse ano, e algumas somente selecionando para categorias técnicas, quando o artístico também merece ser reconhecido. 

  Para isso, não há maior exemplo que o Oscar e o próprio BAFTA (que ao menos concedeu a Relíquias da Morte – Parte II, o prêmio de Efeitos Visuais) que desde o primeiro filme, resolveram esquecer o talentoso elenco britânico que tanto os críticos elogiam. Destaque para a fabulosa atuação de Alan Rickman no último filme da série, que nos rendeu lágrimas, seguidas por soluços intermináveis e lembranças inesquecíveis. 

  Mas dessa vez, o Oscar resolveu radicalizar e até mesmo categorias que tínhamos certeza de indicações, ficaram de fora: Trilha Sonora, Fotografia, Edição, Roteiro Adaptado e até nossa pontinha de esperança em Ator Coadjuvante se transformou em pó. 

   Todos tínhamos consciência de que era praticamente impossível Relíquias da Morte – Parte II ser indicado a Melhor Filme no prêmio da Academia e assim se fez. Entretanto, o mais revoltante é ver nove filmes sendo indicados a essa categoria ao invés de dez, como nos anos anteriores, só porque os votantes do Oscar simplesmente não encontraram outro filme merecedor desse prêmio. 

   Em síntese, ser fã de Harry Potter é saber que a série tem um potencial cinematográfico enorme, que, contudo, não é reconhecido. E também saber que não irão sobrar unhas até um: “E o prêmio vai para...” que, ultimamente, vem seguido de muita revolta. Agora, só nos resta torcer por nossas últimas chances, apostar nossas últimas fichas e quem sabe, vibrar pelo nosso primeiro Oscar.